27 fevereiro 2018

Exu ex Machina

(para Marcelo Adifa e Alexandre Guarnieri Daniel Minchoni Samuel Luis Borges Alexandre Durratos Filipe Pamplona Alves  )

                        I

A acidez das palavras
abriu buracos
no disco rígido

              A tua linguagem
(ob)(s)(c)en-o(bit)a/hexadecimal/percussiva
                 -dadaísmo-
                 -randômica-
         Deu pane no sistema
           E pano pra manga
                  E parou
                  Eparrei
                  Laroiê

Deu
       x
     e
Ex
     u
   ex
Machina

                     II
Onde está o poeta?

Sobre o Rocinante cibernético
Contra quais gigantes?

A poesia se conecta
Ao onírico com hipertextos
Sob as bênçãos agnósticas
da eletrodinâmica quântica

16 fevereiro 2018

Balanço Geral

A fome no mundo
A impossível omelete
Com ovos de ouro

Todos os futuros milionários
Amarrados às galés na viagem
para terra do nunca

Querem-lhe imaturo
Transmitem o medo
Captamos apenas o mesmo sinal

Preso ao trabalho inútil
Seus colegas querem silêncio
E voltar mais cedo para cela

A sua vontade de pirâmides
Seu antigo sonho de astronauta
É software incompatível.

Vida nível hard
Anestesia impossível
Injeção de ânimo que errou a veia

Caminha farto de semideuses
E de maus poemas
Utopia em lugar algum

O despertador desperta
A dor do despejo diário
interrompe o sonho

"Há tanta fome no mundo,
Você tem sorte"
O artista tem que remar mais forte

O artista tem que remar mais forte
O artista tem que driblar a morte
O artista tem que remar mais forte


12 fevereiro 2018

Ode aos justos

Às vezes o desespero
Tira a voz dos homens
E os paralisa

Benditos
Os que levantam a voz
Em defesa dos injustiçados

Por gentileza
         por coragem

Pela pura incapacidade
     De conformar-se

Amai a liberdade sobre todas as coisas               Para todas as coisas


      Mais do que a ti mesmo

                    Amém


08 fevereiro 2018

O striptease das tripas




"Nenhum ato no mundo será segredo"
Este grande tabu, grande medo,
peçonha que faz das tripas brinquedo,
põe a mente aprisionada em um camarim.

A arte se vende: striptease da vaidade.
O gosto insípido da virtude,
verdades morais que não passam no polígrafo,
novo mundo nada admirável.

Nós mesmos cada vez menos
Nós mesmos cheios de nós
Cada vez mais vazios
transmitindo via satélite nossa trapaça.

A tara frívola quer celebridade
e eterniza os filhos feios do delírio.

O mundo líquido pede almas plásticas.
O mercado diz: "vendemos arte!"

Desnudai sonhos, mundo novo!
O corpo pertence aos cemitérios.
Os sabores da vida são mistérios.

¿Catar-se na catarse ou suicidar-se?

O poeta declina
Reclina a poltrona
Comete Seppuku
no ciberespaço.

(inspirado em Giovani Baffô Aldous Huxley Bauman Dostoiévski e principalmente em Tom Zé)

Brazil home delivery apocalipse

Disco do Calipso bombando na banca pirata Playboy virou escolha do proleta E o picareta promovido a novo profeta Caiu na rede o selfie do se...