28 maio 2014

Ode ao Vinho ou Evoé!



Miraculum mirabilis
Mirabilis mirabolante
a vida segue
miserum álibi
miserabili
prisioneira de expectativas
da interpretação do que percebo
da minha intuição sobre o funcionamento do universo

A vida segue
E eu a sigo
a perscruto
e persigo pistas nas palavras
de como destilar vinho de sonhos

Personalidade que se reinventa
No turbilhão de possibilidades do imo
Eu sou o senhor deste sonho de existência
Onde o sonho dá sentido a vida

E o vinho.

25 maio 2014

Lâmina



Planto a muda-palavra
No sábio silêncio
Da consciência

Letra oscula a lauda
lábio pára, mordo
A língua lambe outras realidades

21 maio 2014

Um Samba



E pra quê chorar
Se arrepender
E maldizer
Tanta beleza?

'Tá! Podes cobrar
É bem melhor
Se é sem tristeza

Quem não quer sofrer
Não deve então levar a sério

Amor grande assim
Leva para o céu
E pro cemitério

14 maio 2014

Esfinges secretas




Uma mulher deve procurar alguém que se importe com ela.
Se ele tentar entendê-la
Definhará
E será devorado pela esfinge que carregas
Ser de marés e lunação

Amo o que és
Mesmo que
no outro segundo
não

11 maio 2014

Toda lágrima deve morrer



Eu não confio em mim
Eu me emociono com as coisas previsíveis
Com o nascer do sol, a lua e com beija-flores

Não se confia em quem se emociona
Com as cores de um quadro, um filme ou livro
Com uma notícia boa ou com uma injustiça

Quem é seduzido irremediavelmente
pela beleza nas idéias, nas cores e nos sons?
Quem quer crer em algo nesses dias?

Propagandas de cigarro me emocionam
o lindo sorriso da moça, os sonhos, lembranças
É fácil enganar quem se emociona

A lágrima exprime, mais do que o grito,
O que se passa no peito, a opinião, o ponto fraco.
Não se deve chorar em público, aprendemos.

Marginal, a lágrima escorre escondida do mundo
Mundo de olhos secos que paga pra se emocionar
Mundo de olhos secos que nos quer hipócritas

Como uma mártir,
pelo que vejo do mundo,
ela escorre

07 maio 2014

Mentempsycose



I
Vejo o mundo e o ponho em minha cela



Vim a este mundo com um propósito, esquecido

Do ser que outrora fui. Mas este outro eu veio comigo

E diz-me, invisível, o que fazer ao meu ouvido,

Enquanto vago obtuso no mundo ao redor do umbigo.



Quem sou se fui um outro que não sei? Estou perdido

Em meio às palavras do mundo vasto e conhecido -

"Que verbo deu sentido ao que atesto realidade?" -

E a busca de um sentido faz do mundo fatalidade.



O que percebo faz sentido e dou a tudo

Os grilhões que me atrelam a esse mundo

Ao invés de dar, às cousas, liberdade.



Na minha eterna busca por verdade

Há, com certeza, um propósito mais fundo

Onde até o ser que fui queda-se mudo



II
Há muitos caminhos na estrada e os percebo


E, como se fôra um viajante em caminhada,

Que há muito tempo trilha o seu caminho,

Eu questiono a existência anterior à estrada

Memória e consciência deixam-me sozinho



Quem sou? Pra onde vou? É esse o meu destino?

Nasci num mundo pronto. Sou homem. Fui menino.

Tenho nome, sinto fome. Penso, logo desisto.

Lanço meu olhar sobre tudo o que já foi visto



E me sinto forçado a andar pela vida.

Que longa estrada é essa a qual encaro

Sem origem ou destino, sem saída ou entrada?



“Não à razão na caminhada”, eu me preparo

Para trilhar na direção desconhecida

Onde memória e consciência valem nada.

04 maio 2014

Sunshine



São coisas do dia
Que viram o pôr do sol
E ficaram
E agora pairam
Na insônia
À espera
da aurora

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