26 setembro 2011

Soneto da Saudade




Reclama, amor, de toda ausência minha
Que meu peito se encarrega do castigo.
Tendo ciência de que não estás comigo
É minha alma que parece estar sozinha.

Acostumei-me mal ao teu bem querer
E agora, amor, te quero sempre perto
Embora seja certo que me agrade
Saber que mal também te faz a falta

Acostumei-me mal e, apaixonado,
Vejo o relógio me olhar desconfiado
Horas sem ti transformam-se em trator.

Ah! Saudade, sentimento estranho
Que nos mostra a beleza e o tamanho
Da falta que nos faz o nosso amor.

23 setembro 2011

BIG BANG LOVE

Meu coração é espesso
Denso
E por tua causa ele brilha

Meu ego colapsa
Desapareço
Não me encontro mais em mim

Só me reconheço no mundo
No reflexo de tua íris
Ouvindo as tuas palavras de apreço

O teu amor é o milagre cósmico
Que me arrancou da escuridão d'alma
E me lançou como um quasar na realidade

O teu carinho é a felicidade
O teu olhar
Horizonte de eventos


20 setembro 2011

A Dança



Eu lhe peço a dança
Você me balança
Nosso mundo gira
E ninguém se cansa

Você faz o passo
O amor atravessa
Eu não tenho pressa
E ninguém se cansa

Minha mente brilha
Risos de criança
Você compartilha
E ninguém se cansa

O corpo se entrega
Alma então flutua
Dançam os amantes
Sob a luz da lua

Envoltos no abraço
Chuva como orquestra
Seu toque sequestra
Você diz: "Sou sua."

E dá-se novo passo
Coração em festa
Nessa brincadeira
Em que ninguém descansa

Seguimos bailando
Nossa própria música
Pela vida inteira
E ninguém se cansa

18 setembro 2011

Sorrisos na Sarjeta


Sorrisos na sarjeta

A cidade não acorda... Este tempo não acorda...
Não gosto quando falam dos problemas deste tempo como se houvesse um glorioso passado
Assassinado como Cronos pelo zeitgeist de uma geração acéfala
O sorriso cariado deste presente é fruto do descuido das gerações passadas
Descuido com a verdade sobre o que é estar no mundo e no olhar sobre nossas escolhas


Mas é um tempo bom e cheio de possibilidades
que ainda choca os hipócritas que se negam a admitir
o recente fim da escravidão negra e o racismo
a cocaína vendida em farmácias, o aborto entre silvícolas
ou o homossexualismo na Grécia Antiga
E tratam a exposição destas questões como se fossem inéditas
Como se o passado e o presente não fossem um constante processo de transformação
A barriga da menina de nariz escorrendo pedindo um real pra comprar crack
Enquanto o moleque faz malabares no engarrafamento lotado de últimos lançamentos
Dá pistas do que irá morrer para as gerações vindouras:
Nossa dúvida sobre se estamos no caminho certo
Nosso senso de responsabilidade
O futuro.


Perdido em algum meio fio, junto à guimba de cigarro amassada,
eu deixei o meu sorriso ao vê-la, sonâmbula,
iludida,
jogar sua vida nas mãos de políticos boiadeiros, religiosos milionários, intelectuais pequeno burgueses e pseudo artistas
tangendo pessoas como gado em direção ao abate.

Estou cansado de Messias, homens perfeitos porque mentem com método e nunca se arrependem.
Cansei de sorrisos falsos e cascas vazias.
Cansei da diplomacia.
Cansei da velhice caquética e seu falso passado.
Cansei do maniqueísmo, dos suburbanos soberbos com seus bairrismos.
Como mudar o rumo dessa cidade nestes tempos?
Como lançar ventos nessa Nau dos tempos?


(Porque a hora é now, you know
Eu só não tenho know how)


Um nó, um grito. Serei mártir ao tocar berrante pra mudar esse destino?

Há um nó na garganta que não se desata.
Abandono a sala no meio de algum reality-show-sadomasoquista e vou em direção a sarjeta pra procurar aquele cigarro.
Não há como encontrar o sorriso perdido nessa cidade... nesse tempo.

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