30 abril 2008

A vida é para os vivos



A vida é para os fortes
A vida é para os tenazes
A vida é para os inconformados
A vida é para os de boa sorte
A vida é para os audazes
A vida é para os apaixonados
A vida é para os vivos
Para os que vivem a vida
Que deve ser vivida

A vida é para os que vivem

A morte?

A morte sim
A morte
É para todos

E se, às vezes, me acusam de andar em círculos...
Acho melhor andar em longos círculos e ver o mundo
Do que ficar parado no mesmo lugar esperando um milagre

A vida é para os vivos
Que vivem a vida que pode ser vivida
Sem dar a estúpida desculpa
"Eu vivo a vida que posso"

Bom dia Boa tarde Boa noite
Sede abençoados
Que saudades de você
Vamos fazer um churrasco
Parabéns
Eu te amo

são apenas palavras?
não te evocam lembranças ou desejos?

a vida é para os que vivem
assim como este poema

Não me importa se você não sabe o quão doce o vinho pode ser
Ou quão quente o aguardente deixa a alma
Se não sentiu o toque da mulher amada na noite mais fria
ou saudade do amigo que nunca estará lá
Frio fome saudade e riqueza não lhe tornarão melhor
Nem como ser humano ou como poeta

Haverá sempre alguém sob o céu azul
Arrotando experiência de olhos fechados

é preciso coração para estar simultaneamente
No espaço tempo dos fatos
Sendo sincero com sua alma

E se o acusam de estar perdendo tempo
Você deve estar perdendo tempo cercado de pessoas que te acusam de algo
Ou em frente ao espelho
Preocupado em honrar compromissos que fez a si próprio no passado

Desperte

Este poema é para vocês que estão vivos
Para que continuem vivos
E vivam

O som e o resto

Faço uma ponta nesse filme. Pode crer.





Sinopse: Jahir é um baterista virtuoso que toca numa banda evangélica, um dia, depois de se indispor com o pastor da igreja onde costuma tocar, se vê na rua com seu instrumento e inicia assim uma jornada existencial rumo à sua música e ao seu espaço no mundo.

Direção: André Lavaquial
Co-Direção: Rodrigo Rueda
Roteiro: Aline Melo, Rita Toledo e André Lavaquial
Montagem: Juliana Cavalcanti
Direção de fotografia e câmera: André Lavaquial e Bruno Diel
Produção: Aline Melo, Rita Toledo e André Lavaquial
Assistência de produção: Helio Lambais
Som direto: Alan Caferro, Rafael da Costa, João Paulo Dias, Leonardo Villas-Boas
Atores: Jahir Soares, Leandro Zanardi, Rogério Bispo dos Santos, Solayne Lima, Marco Arruda, Henrique Silva Santos.

07 abril 2008

A Carta "É Pilha" - Da série "Baralhinho do Momento" do site ANTIPROPAGANDA



Você chega da boate cansado. Cansado das luzes estroboscópicas, do som alto, das mulheres bonitas, dos vetos completos e das danças corretas. Nada o ajudou em nada e mais uma vez sozinho, às 4:15 da manhã você está.

Seus amigos seguem pra casa, você entra no seu prédio, cumprimenta a portaria, entra no elevador social, aperta o cinco, percebe que o elevador social está desligado, sai do elevador social, entra no elevador de serviço, aperta o 5 e sobe junto com o conjunto. Badúúúúúúúú....

O elevador chega e a cortina abre. Cansaço forte, sua cama vai ser demais. Solidão, pra quem conhece, tem suas vantagens.

Mas quando você sai no corredor e pisa no chão, você sente mais do que chão, você sente água. Olha pra baixo, pisa de novo, splat, splat, é água mesmo, maluco. Que porra é essa, você xinga em pensamento de dúvida e enquanto caminha pro seu apartamento, você percebe que a água o persegue. E ao dobrar a mini-esquina do corredor, realiza, na surpresa, que a água que desce, e desce forte é sua! Está saindo do seu apartamento!

É pilha!

Você já adrenaliza o corpo, busca a chave no frenesi, enquanto a água jorra gostoso por baixo da porta da cozinha da sua casa. Você abre a porta na loucura e a água acumulada lambe a sua canela esvaziando a cozinha. Parece que uma piscina Tone rasgou na tua frente. Mas não é isso e você sabe. Você não tem uma piscina Tone, a alegria da garotada. E a realidade do momento não é de alegria.

E há dois tipos de problema neste mundo, minha gente: o problema tipo meu, e o problema tipo seu. E esse problema é tipo seu!

E sendo seu, você vai seguindo o fluxo, como aquelas expedições do globo repórter, em busca da nascente do rio 503 bloco 2. Você vai pelo barulho, passa por você um saco de bisnaguinha seven boys e você realiza que a situação é dramática. Você alcança a área de serviço se agarrando nas coisas e encontra a nascente do rio.

E a nascente do rio é seu pai, de cuecas, bêbado, tentando com o dedo indicador conter, quase que moralmente, porque não está fazendo a mínima diferença, uma enxurrada de água violenta que brota da parede sem parar, no lugar que até agora pouco era o tanque de lavar roupa!

É pilha!

E, amigo, a água que brota da parede, brota num volume, numa potência, que faz a caixa d'água do prédio borbulhar que nem filtro de galão. Bablug, Bablug, Bablug!!!

É pilha! É, é sério.

Teu pai, de dentro do chafariz em que se transformou a sua área de serviço, te reconhece e dá a notícia que você já sabe.

- Filhinho... deu merda.

Porra, claro que deu merda!

- Filhinho... bota o dedo aqui que teu pai vai resolver. Segura aqui essa peteca.

Teu pai tira o dedo do buraco e sai um jato tão forte que teu pai patina surf e cuca o tanque. E cuca forte! Você ajuda, os dois caem, é água pra cacete, teu pai levanta, você afoga, teu pai cai, você levanta e vira briga de palhaço a área de serviço. Meia hora de bobeira, abrindo espaguetti e você e teu pai conseguem levantar juntos, ao mesmo tempo e teu pai sai saindo, meio patinando, meio se apoiando, meio não entendendo porra nenhuma do que está acontecendo.

Você volta pro buraco mete o dedo, tentando fazer o melhor, mas é impossivel. Água é água e a água escapa por tudo quanto é lado. E você que estava cansando, pensando só na sua cama, agora está de pé matando água nos peitos, revezando de dedo no buraco, arriscando a saúde no frio e vendo o tempo passar nos litros e litros de água que se perdem na loucura.

Depois de meia hora, com a pele enrrugada, o dedo indicador azul, o médio paralisado, a camisa transparente e o pulmão assoviando você se pergunta: porra, cadê papai?!

Na busca pela verdade, você abandona o posto, o jato engrossa, a caixa d'água babluga e você mete pela cozinha. É água. Você invade a sala, é água. Rompe pelo corredor, é água. Passa pelo banheiro, é sua mãe sentada não entendendo nada. Você passa pelo escritório, é água. E quando você abre a porta do quarto do seu pai, vem o choque, o verdadeiro choque térmico:

Teu pai está deitado na cama, de cuecas, todo encharcado, dormindo. Dormindo de roncar.

Um grito ecoa forte, muito forte pelo edifício Eugênio de Alencar:

É a carta É Pilha fazendo BLAU!!!!!!

As luzes dos apartamentos se acendem, pessoas aparecem nas janelas, teu pai levanta só a cabeça e no silêncio depois da corneta, todos ouvem juntos, intrigados, um som mais do que misterioso:

BABLUG!


Do genial site ANTIPROPAGANDA. O link 'tá ali do lado, ó!

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